Uma simples brincadeira entre um conhecido dançarino e Marcelo Bonfim, o Marcelinho, durante um 'baba' no Vale da Muriçoca, em Salvador, há sete anos, fez surgir um grupo que, hoje, serve como um apoio à comunidade. Começando por uma Parada LGBT comandada pelo ativista Marcelinho, a festança se transformou no atual Grupo Gay da Diversidade (GGD), que atua não apenas na região do Engenho Velho da Federação, mas também em diversos outros bairros da capital baiana. Atualmente, a equipe é liderada por outros três rapazes conhecidos como Maicon, Leo e Bina.
O Engenho News entrevistou Marcelinho Bonfim, presidente do grupo, que contou como tudo começou. "[Esse grupo] surgiu há sete anos, de uma brincadeira com Fabety. Uma vez ele foi fazer um 'baba', onde atuava também como juiz, e perguntou 'por que você não faz uma parada LGBT no Vale da Muriçoca?'. Nisso, se criou o primeiro ano da Parada no Vale, mas aí começou a tomar um rumo mais ativista", explicou.
Com o ativismo LGBTQIAPN+ como foco, o GGD começou a contar com patrocinadores e organizadores, chegando a ter uma sede provisória no bairro e uma Parada LGBT anual, com trio elétrico pelas ruas da comunidade. Mas se engana quem pensa que o objetivo é levar festa. A intenção da Parada LGBT do GGD é espalhar conscientização e informação para o público.
Segundo Marcelinho, o grupo leva para o topo dos trios ativistas de vários bairros, além de órgãos públicos que atuam em defesa das minorias. Em alguns anos, ainda contaram com a presença de artistas como Miller, Samba Trator e Márcio Vitor, além da rádio Piatã FM, que já costuma dar apoio às festas do GGD. Para a realização desses eventos e amparo no dia a dia, o gestor do grupo declarou que recebe suporte de moradores do Vale e de padrinhos políticos. Da Prefeitura de Salvador, tem como único gesto de apoio a isenção de impostos.
Muito além da Parada LGBT, que acontece desde 2017 no Vale da Muriçoca, o GGD também é responsável por ações importantes na região, como, por exemplo, visitas a escolas para falar sobre a luta contra a homofobia e a prevenção à AIDS. Durante a entrevista ao Engenho News, inclusive, o presidente do GGD deixou claro que, apesar de o foco ser a comunidade LGBTQIAPN+, o grupo procura dar suporte também a crianças, mulheres, negros, pessoas carentes e a quem precisar, sempre realizando doações de cestas básicas e brinquedos, lutando contra o racismo e atuando em defesa da mulher.
Apesar das grandes ações sociais, nem tudo são 'flores'. O grupo vem lutando para ter uma sede fixa no Vale da Muriçoca, já que, até o momento, conta apenas com um espaço provisório. O objetivo é que, ainda neste ano, eles consigam abrigar o GGD em um local alugado na região. Além dos 'trancos e barrancos', Marcelinho também comentou sobre o preconceito que viveu e ainda vive em sua caminhada por ser um homem negro, candomblecista e apoiador da causa LGBTQIAPN+.
"Já sofri muito preconceito por isso, para mim pesa muito, quando abro a boca para falar no microfone, algumas pessoas 'murcham', mas me aperfeiçoo cada dia mais (...) Quem mais nos mata, mais nos consome. Eu luto a cada dia. Cada vez que sou reprimido, eu rebato de forma democrática", desabafou.
Segundo Marcelinho, para participar ativamente do GGD, é preciso alguns requisitos: "Tem que ter disponibilidade, entender o ativismo, se jogar na causa, tem que ser paciente".
Aqueles que desejam realizar doações, dar sugestões ou ajudar na organização de eventos do GGD, basta entrar em contato através do Instagram @ggd_grupogay ou do número (71) 9 9247-4946.
O GGD realiza paradas LGBTQIAPN+ todos os anos, não apenas no Vale da Muriçoca, mas também em vários bairros de Salvador. Neste domingo (28/07), o Engenho Velho de Brotas receberá a 8ª Parada, a partir das 14h.
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